Início da tarde de um sábado, no início dos anos 1970. Fim de feira.
Gostava muito desse caminhão, um International 1952.
Sabia que, mais um tempo, ele teria que parar.
Fotografava sem compromisso. Para mim.
Aliás essas são as melhores fotos. As que fiz por que quis.
E o caminhãozinho sério. Me olhava como se perguntasse: Por que? Que queres?
Aí chegou o seu amigo e parceiro.
- Por que fotografas meu Caminhão??
Perguntou. Não respondi. Mas pedi que ele ficasse mais perto.
Então o caminhãozinho sorriu. Reparem. Ficou alegre!
Dois amigos, posando para a eternidade!
Minutos depois, revelei o filme, copiei essas fotos em papel, mostrei para Iolanda, minha mulher.
Estava eufórico! Comentava cada detalhe:
- Olha o caminhão sério!
- Agora ele sorriu porque o amigo dele ficou ao lado!!
- E os dois são até parecidos, não acha???
Aí ela falou que achava melhor me internar.
Tudo bem.
Quase trinta anos depois, meu amigo Yvon Luz veio me visitar.
Olhou essa foto no quadro da sala (é claro que ela desfruta de lugar especial!) e disse:
- Paulão sabe o que eu acho dessa foto?
E falou tudo o que eu havia falado naquela tarde dos anos 70.
Fiz ele repetir na frente da Iolanda. Ela sorriu.
Talvez pensando em nos internar. Um faria companhia ao outro.
A fotografia é uma fração de tempo.
Só a gente consegue ver. E por isso registra.
Escreve com luz.
